domingo, 2 de agosto de 2015

Recado ao senhor 903- Ironia

Leia o texto
Recado ao senhor 903
                                          Rubem Braga
Vizinho:
- Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou  desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45,  explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15  deve deixar o l783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
 ... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou”. E o outro respondesse: “Entra, vizinho e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”.
 E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
1. Em relação ao gênero textual, o texto é:
A) crônica
B) conto                 
C) fábula                     
D) notícia
2. Retire do texto a passagem ou as passagens em que:
A) haja ironia em relação à moradia da atualidade.
B)  haja desumanização no convívio nas grandes cidades.
C)  as pessoas representam apenas mais um na multidão.
D)  o narrador sonha com um mundo diferente.
3. Há dois personagens centrais no texto. Indique as principais informações pertencentes a cada um deles.










4. A partir da experiência vivida, o narrador deseja sonhar com outro mundo: (...) Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo(...). Nós também vivemos em um mundo difícil. Apresente alguns problemas que nos cercam, em seguida conclua seu pensamento com a frase dita pelo autor e o tipo de mundo que você deseja.
5. Utilize (V) ou (F) para as afirmações abaixo:
(   ) o autor  ironiza a vida nas grandes cidades.
(   ) o efeito de humor produzido no texto deve-se ao uso  números no lugar de nomes para referir-se às pessoas.
(   ) o vizinho do 903 é uma pessoa desempregada.
(   ) O 903 3 0 1003 são pessoas muito pobres.
(   ) O 1003 é tão barulhento quanto o Oceano Atlântico.
6. O texto é narrado, predominantemente, em:
A) 1ª pessoa do singular
B) 1ª pessoa do plural   
C)  3ª pessoa do singular   
D)  3ª pessoa do plural.
Comprove sua resposta através das marcas linguísticas presentes no texto.
 7.    Reescreva a piada, passando para o feminino os substantivos destacados. Faça as alterações necessárias.
     Um rato corre velozmente pela casa, com um gato atrás dele. Por sorte o ratinho encontra um buraco na parede da cozinha e entra. Depois de algum tempo, o rato escuta latidos do lado de fora e pensa: “deve ser um cachorro, que espantou o gato. Como cachorro não liga para rato, estou salvo”. E sai do buraco. Imediatamente, é apanhado pelo gato. Assustado, o rato pergunta:
      - Mas como você não foi embora, se u ouvi um cachorro latindo?
      - Ah, meu caro, hoje em dia, quem não falar dois idiomas morre de fome!

8.  Assinale os itens corretos.
(  )  O Romantismo literário costuma ser dividido em três fases: nacionalista, ultra-romântica e condoreira/social.
(  ) Gonçalves Dias foi um dos maiores representantes da nossa literatura na poesia e no teatro.
( ) uma das características centrais do Romantismo na primeira fase foi a objetividade.
(  ) Gonçalves Dias e José de Alencar apresentaram uma literatura marcada pela denúncia da escravidão.
9. São personagens indianistas, exceto:
A) Iracema     
B) I- Juca Pirama   
C) Peri                    
D) Arnaldo
10. Coloque em ordem as informações sobre o encontro entre Iracema e MartIM, utilizando os números de  1 a 5. Após organizar o texto, reescreva – o, trazendo para os dias de hoje. Pense como seria esse encontro...
(  )   O sentimento que ele por nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si arco e a uiraçaba, e  correu para o guerreiro, sentindo da mágoa que causara.
(  )    -  Quebras a flecha da paz comigo?
(  )   Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os  cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
( )   Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida  no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.
( ) Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areia que bordam o mar, nos olhos a tristeza das águas profundas.

Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo. Ludwig Wittgestein.




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