Leia o texto para responder às questões
de 1 a 5.
A CASA
DAS ILUSÕES PERDIDAS
Quando ela anunciou que estava grávida, a
primeira reação dele foi de desagrado, logo seguida de franca irritação. Que
coisa, disse, você não podia tomar cuidado, engravidar logo agora que estou
desempregado, numa pior, você não tem cabeça mesmo, não sei o que vi em você,
já deveria ter trocado de mulher havia muito tempo. Ela, naturalmente, chorou,
chorou muito. Disse que ele tinha razão, que aquilo fora uma
irresponsabilidade, mas mesmo assim queria ter o filho. Sempre sonhara com
isso, com a maternidade - e agora que o sonho estava prestes a se realizar, não
deixaria que ele se desfizesse.
- Por favor, suplicou. - Eu faço tudo que você
quiser, eu dou um jeito de arranjar trabalho, eu sustento o nenê, mas, por
favor, me deixe ser mãe.
Ele disse que ia pensar. Ao fim de três dias
daria a resposta. E sumiu.
Voltou, não ao cabo de três dias, mas de três
meses. Àquela altura ela já estava com uma barriga avantajada que tornava
impossível o aborto; ao vê-lo, esqueceu a desconsideração, esqueceu tudo -
estava certa de que ele vinha com a mensagem que tanto esperava, você pode ter
o nenê, eu ajudo você a criá-lo.
Estava errada. Ele vinha, sim, dizer-lhe que
podia dar à luz a criança; mas não para ficar com ela. Já tinha feito o
negócio: trocariam o recém-nascido por uma casa. A casa que não tinham e que
agora seria o lar deles, o lar onde - agora ele prometia - ficariam para
sempre.
Ela ficou desesperada. De novo caiu em prantos,
de novo implorou. Ele se mostrou irredutível. E ela, como sempre, cedeu.
Entregue a criança, foram visitar a casa. Era
uma modesta construção num bairro popular. Mas era o lar prometido e ela ficou
extasiada. Ali mesmo, contudo, fez uma declaração:
- Nós vamos encher esta casa de crianças. Quatro
ou cinco, no mínimo.
Ele não disse nada, mas ficou pensando. Quatro
ou cinco casas, aquilo era um bom começo.
(A Casa das Ilusões Perdidas, Moacyr Scliar)
01. (UNIFESP- adaptada) As duas frases finais do texto deixam evidente
que ter mais filhos
A) é uma possibilidade pouco atraente para o casal que, por hora, já
conquistou algo à custa de sofrimento.
B) será para o casal uma forma de alcançar a felicidade, já que a mulher
e seu companheiro poderão ter a casa cheia de crianças.
C) pode tornar-se lucrativo na ótica do companheiro, embora a mulher
ainda veja isso com olhos sonhadores.
D) se torna uma forma de compensar o episódio pouco feliz da doação do
primeiro filho do casal.
02. (UNIFESP- adaptada)) O casal age de modo contrário aos sentimentos
comuns de justiça e dignidade. No contexto da narrativa, tais comportamentos
explicam-se
A) pela falta de amor que há entre a mulher e o companheiro, fazendo com
que tudo que os rodeia se torne um negócio vantajoso.
B) pelo amor exagerado que a mulher sente e pela confusão de sentimentos
que o companheiro vive na descoberta desse amor.
C) pelo ódio exagerado que a mulher sente do companheiro e pela forma
displicente e pouco amável como ele a vê.
D) pela submissão exagerada da mulher ao companheiro e pela forma
mesquinha e interesseira como ele resolve as coisas.
03. (UNIFESP- adaptada) No texto, a ideia de ilusões perdidas diz
respeito à
A) realização da maternidade que, na verdade, não atinge a sua
plenitude.
B) desolação da jovem mãe ao ver que a casa recebida não era luxuosa
como concebera.
C) alegria da mãe com a casa e à superação da tristeza pela doação da
criança.
D) melancolia da mãe por programar todas as crianças que teria para
trocar por casas.
Reconhecer o gênero textual.
04. O texto pertence ao gênero:
A) notícia
B) crônica
C) poema
D) conto
D26 –
Reconhecer o sentido das relações logico-discursivas marcados por conjunções,
advérbios etc.
05. Em “ Quando ela anunciou que estava grávida”[...],
a palavra grifada na frase estabelece
relação de:
A) causa
B) tempo
C)oposição
D) adição
Texto para as questões de 6 a 9.
Antigamente
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles
e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes
pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E
se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.
As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não
caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com
quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse
ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a
manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta,
faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não
apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animátografo, e mais tarde ao
cinemátografo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os
quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em calças
pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. (...) Carlos Drummond de
Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988
06. De acordo com esse texto, antigamente
A. as pessoas viviam apressadamente
B. as moças não eram prendadas.
C. os jovens não tinham diversão.
D. as pessoas tinham hábitos diferentes dos de hoje.
O7. As palavras utilizadas para compor o texto ajudam a traduzir a ideia de que.
A) a língua não se modifica com o passar do tempo.
B) a língua é estática e reflete a realidade das pessoas da cidade.
C) as palavras são as mesmas ao longo dos tempos.
D) a língua é dinâmica e se modifica com o passar do tempo.
D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações.
08. Os janotas, mesmo não sendo rapagões,
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo
do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir
pregar em outra freguesia. A expressão grifada na frase pode ser
substituída por:
A) desistir e procurar outra moça.
B) procurar outra moça e paquerar.
C) paquerar e esconder-se.
D) desistir e esconder-se.
D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
09. Para reescrever esse texto com palavras da
atualidade, o autor utilizaria uma relação de:
A) sinonímia
B) antonímia.
C) polissemia.
D) homonímia
D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratem do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido.
Leia os dois textos.
[...]
“Stamos
em pleno mar
Era um sonho dantesco... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Era um sonho dantesco... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras
mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.”
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.”
[...] Castro Alves
10. Em relação ao tema tratado nos textos
A) os textos foram produzidos no século XXI para denunciar o tráfico de
pessoas.
B) o cartaz trata do tráfico de negros.
C) o texto 2 trata do tráfico de pessoas de diversas parte do mundo.
D) os textos foram produzidos em períodos diferentes, mas mantêm um objetivo
comum: destacar a crueldade do tráfico de pessoas.
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